A cultura está presente em 79 municípios do Estado, registrando uma quantidade produzida de 42,1 mil toneladas em 18,06 mil hectares e produtividade de 2,33 toneladas por hectare
26/04/2024 08h00 | Atualizado em 26/04/2024 14h39 Por ASCOM
No ano de 2023, o Pará ocupou o segundo lugar no ranking nacional de produção de pimenta-do-reino, conforme os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), que tem como referência o calendário de 2022. Regionalmente os dados foram sistematizados pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).
A Secretaria confirma que a cultura está presente em 79 municípios do Estado, registrando uma quantidade produzida de 42,1 mil toneladas em 18,06 mil hectares e produtividade de 2,33 toneladas por hectare, gerando um valor de produção de R$ 470,7 milhões em 2022. O principal município produtor é Tomé-açu, com 4,8 mil toneladas, representando 11,40% da produção paraense.
Segundo o diretor técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), Paulo Lobato, a entidade atua de forma integrada a outras instituições estaduais para fortalecer a cadeia produtiva estadual – além da Sedap, as secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
“A Emater atua, junto aos parceiros, para fortalecer a cadeia produtiva da pimenta-do-reino com assistência técnica, junto ao produtor, garantindo orientações prévias, durante e pós colheita, o que é muito importante para garantir produtos de qualidade. Entre as nossas principais orientações, estão os cuidados com o isolamento da área, cobertura, diminuição dos custos da produção e maior rentabilidade ao produtor, assim como o crédito rural, o acesso a outras políticas públicas e a organização dos produtores”, pontua o diretor.
A Emater e a Empresa Produtos Tropicais de Castanhal (Tropoc) firmaram uma cooperação técnica para resgatar o protagonismo da cadeia produtiva da pimenta-do-reino no Pará por meio do atendimento de mais de mil famílias em todo o Estado. O objetivo é colocar o Pará com condições de competir pela liderança nacional com o Espírito Santo em um espaço de tempo de dois anos. A parceria envolve 40 municípios de diversas regiões do estado.
Por conta desse convênio, a Tropoc compra a pimenta do reino e paga diretamente ao produtor, ou seja, não passa por atravessador. Além disso, a empresa também incentiva a produção sustentável, por meio do uso do tutor vivo gliricídia, pagando até R$ 500 a mais pela tonelada – um incentivo para o produtor se encaminhar para uma produção mais sustentável.
A Tropoc apoia também os agricultores quanto a análise de solo com vistas a uma melhor adubação, e está trazendo para São Francisco do Pará e Santa Maria do Pará dois protótipos de irrigação à luz solar.
Ozias Aquino, engenheiro agrônomo da Emater, explica que o mercado local não teria capacidade para absorver toda a produção gerada no Estado, e por isso parte é exportada para outros estados e principalmente ao mercado externo. “Hoje só o Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Proater), que contempla o planejamento das atividades desenvolvidas pela Emater em cada escritório local contempla um total de 1.131 pipericultores, dentre os quais, 1.106 são agricultores familiares e 25 não-familiares”, detalha.
Em suas atividades, o trabalho da Emater ainda está relacionado ao sistema de produção da cadeia, materializado pela elaboração, quando necessário, dos Cadastros Ambientais Rurais, individuais ou coletivos, da emissão do Cadastro Nacional de Agricultor Familiar (CAF), que possibilita aos pipericultores terem acesso às políticas públicas (incluindo o Crédito Rural), além do apoio à comercialização dos produtos in natura ou em qualquer etapa de processamento.
André Leal é produtor de pimenta do reino e mora em Santa Maria do Pará, onde trabalha com pimenta do reino desde 1998, junto com o pai. A Emater ajudou com a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Cadastro Ambiental Rural (CAR) e outros.
“Começamos só nós, a família, eu e meu pai e minha mãe. Começamos com 300 pés de pimenta, e a gente vem aumentando. Aí passamos a ter quatro, até oito funcionários apanhando pimenta. Tem ano que a gente colhe bem, tem ano que colhe menos. A gente já chegou a colher até dez toneladas em uma safra, mas hoje a média está entre cinco a seis toneladas por ano. Há dois anos, vendemos nossa produção só para a Tropoc”, finaliza.