Mais de 400 pessoas participaram do encontro a que discutiu a construção do programa
08/03/2024 14h10 Por ASCOM
Produtores rurais, donos de frigoríficos, políticos e empresários participaram, nesta quinta-feira (7), em Xinguara, de um encontro sobre o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia da Pecuária do Pará. O programa, que será pioneiro no Brasil ao estabelecer a rastreabilidade bovina no estado – do nascimento ao abate – , garante, principalmente, a integridade sanitária e ambiental dos animais, vem sendo construído a várias mãos envolvendo o governo, terceiro setor e sociedade civil desde o anúncio feito pelo governador Helder Barbalho na COP 28, em Dubai, no ano passado.
A meta é identificar, com a aplicação de brincos e bottons, todos os bovinos e bubalinos movimentados, para qualquer finalidade, inclusive abate, cria, recria, engorda, leilões e exportação, até 31 de dezembro de 2025. A identificação de todo o rebanho do estado, movimentado ou não, ocorrerá até dezembro de 2026.
O diálogo com os produtores é um dos pilares da construção do programa. Por isso, o Conselho Gestor, que envolve representantes da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), das secretarias de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), da Agricultura Familiar (Seaf), além do Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e de representantes da sociedade civil, trabalha para aproximar e envolver quem produz gado no Pará da elaboração do programa. Mais de 400 pessoas participaram do evento e puderam contribuir com a construção.
O objetivo, segundo o secretário adjunto da Semas, Raul Protázio Romão, é envolver os principais interessados na iniciativa. “Desenvolver esse diálogo coletivo. Essa é uma exigência de mercado, de valorização do trabalho. O papel do estado nisso é facilitar com que esse processo aconteça sem prejuízo para o pequeno produtor, sem exclusão de ninguém da cadeia, de forma coordenada, planejada, mobilizando os órgãos públicos para ajudar, apoiar o produtor no cumprimento do que o mercado exige. Não é o governo que exige integridade. É o mercado. O governo está no apoio para que esse processo de integridade seja garantida”, explicou.
Desde a última terça-feira (5), membros do Comitê fazem visitas empreendimentos em Marabá, Rio Maria e Xinguara, no sudeste do estado, que já fazem a chamada brincagem e chipagem dos animais. Desta forma, é possível garantir transparência à origem dos animais, garantindo a não relação com o desmatamento, registrando em um sistema o trânsito dos animais em todas as suas fases até o abate.
Jamir Macedo, Diretor-Geral da Adepará, enfatizou que o sucesso do programa passa pelo engajamento dos principais interessados. “O conselho gestor se reuniu com os produtores rurais na sede do sindicato rural de Xinguara, que é um sindicato estratégico com a participação efetiva de grande número de produtores rurais, organizados e que possuem uma atuação muito forte na pecuária, foi um momento de ouvir os seus anseios, as suas demandas, tudo isso para que possamos construir um programa que venha atender de maneira adequada e que seja eficaz no Estado do Pará. Em cima das demandas dos produtores, trabalharemos as melhores diretrizes para que o programa possa atingir seu objetivo que é ser inclusivo e que venha fortalecer a cadeia pecuária do Pará”, explicou.
Abertura de mercado
Em 2019, o Governo do Pará garantiu a habilitação de quatro frigoríficos paraenses para exportar para o mercado chinês. A conquista foi histórica, pois a carne paraense não havia, até então, alcançado a China. O programa de integridade será importante para manter a preservação sanitária do rebanho, principalmente após a última vacinação contra a febre aftosa, que ocorrerá em abril.
Com a retirada a vacina, possibilitará a abertura de novos mercados, proporcionando agregação de valor aos produtos de origem animal. Atualmente, os mercados norte-americano e europeu a integridade da carne bovina é uma exigência.
“O produtor rural, via de regra, tem sido visto apenas como um contribuinte, mas ele, sim, é um cliente do estado e esse grupo de trabalho vai poder enfrentar questões cruciais e em algo que trará retorno para o produtor. Não podemos esquecer a importância da regularização ambiental, regularização fundiária, que hoje não são exigidas 100% mas, claro, o mercado vai exigir cada vez mais”, disse Luís Gustavo Garcia, advogado e participante do encontro.