02/03/2024 08h50 | Atualizado em 04/03/2024 08h51 Por ASCOM
As geotecnologias são aliadas do meio ambiente na análise de bacias hidrográficas que servem de suporte para definição das políticas ambientais do Estado. Esta é uma das lições que um grupo de servidores da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) teve acesso durante o curso de capacitação “Geoprocessamento como Ferramenta para Planejamento de Recursos Hídricos”, ministrado pela professora Dra. Aline Meiguins, no Laboratório de Estudos e Modelagem Hidroambientais da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O curso começou na terça-feira (27) e foi finalizado na quinta, 29, como parte da programação de cursos do Plano Estadual de Capacitação em Recursos Hídricos, direcionados aos entes do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado. Nesta capacitação, os servidores da Diretoria de Recursos Hídricos (Direh) da Semas participam de uma abordagem abrangente sobre a aplicação das geotecnologias no estudo de bacias hidrográficas. São explorados temas como sistemas de informação associados aos estudos hidrológicos e análise da paisagem em bacias hidrográficas.
“Essa oportunidade oferecida pela secretaria é muito importante para a ampliação do nosso conhecimento na utilização das ferramentas de análise que dão subsídio à tomada de decisão na gestão das águas no estado do Pará”, afirma Andreza Lima Mello, técnica em Gestão de Meio ambiente da Semas e que participou da capacitação. “O curso aborda as técnicas e ferramentas atuais de geoprocessamento e aplica diversas situações para aprimorar as análises nas bacias hidrográficas no Estado do Pará”, completa a técnica.
A programação de capacitações é uma das metas do Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão de Águas (Progestão), da Agência Nacional de Águas (ANA), e do Plano Estadual de Recursos Hídricos.
“Uma análise hidrológica ajuda a entender o nível de degradação de uma cabeceira e isso pode subsidiar alterações ou posicionamento de políticas públicas. Por isso que essas análises geradas por esses instrumentos de geotecnologia são direcionadas para esse caminho de discussão de ações e de definição de prioridade em determinada região”, diz a professora Aline Meiguins.
Segundo a professora, a análise de bacias costeiras também pode utilizar dados de componentes climáticos e uso da terra para determinar o potencial de concentração de áreas úmidas de determinada região. Ela usou para exemplificar este tipo de caso um estudo sobre o arquipélago do Marajó. “A lógica desta cartografia toda seria associar algo que teria maior potencial de retenção de umidade. Boa parte dos municípios marajoaras tem um maior potencial de retenção. Deste modo, a gente sabe o que é uma área de potencial úmido e o que é uma área de perda gradativa de água”, afirma. “Dependendo da finalidade do trabalho, você consegue entender vários componentes integrados na paisagem e repercutir em função do potencial hídrico da região”, complementa Aline Meiguins.
Outra aplicação das ferramentas geotecnológicas demonstrada pela professora foi na análise ambiental de manguezais. “Parte destas bacias costeiras tem muito a questão da discussão da perda do mangue. A ocorrência de alterações de cabeceira ajudam a caracterizar cada vez mais uma produção de sedimentos, o que vai gerar uma degradação ou alteração da condição da vegetação do manguezal. Este é um tipo de análise interessante porque pode se aplicar até ao fator social, já que muitas dessas áreas de manguezais são de reservas extrativistas, cuja população tem a sua forma de consumo e de geração de renda baseada nessas áreas.”
A capacitação tem como objetivo ampliar o aprendizado a respeito da regionalidade dos recursos hídricos e saneamento no Pará, para aprofundar os conhecimentos dos servidores sobre as características, a importância e os desafios relacionados aos recursos hídricos na região amazônica, essenciais para o meio ambiente e a sustentabilidade. Os participantes têm acesso a conteúdos teóricos e práticos sobre o tema, ministrados pela Profa. Dra. Aline Meiguins, da UFPA.
A capacitação e aperfeiçoamento técnico dos profissionais relacionados à gestão de recursos hídricos é um dos componentes do programa do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH/PA) para fortalecimento dos instrumentos de gestão de recursos hídricos do estado.
“Os assuntos abordados foram excelentes, pois contemplam ferramentas de análise geoespacial que verificam índices, insolação, vento, temperatura, umidade, precipitação e evapotranspiração. Índices em relação ao relevo, densidade de drenagem, simetria/assimetria e ângulos, dentre outros que podem aprimorar as análises técnicas visando a melhores dos processos na gestão dos recursos hídricos do estado”, analisa Andreza Lima.
Texto: Antônio Darwich – Ascom Semas