Semas conclui diálogo com a sociedade sobre o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa 

30/10/2023 10h35 | Atualizado em 30/10/2023 10h42 Por ASCOM

Semas conclui diálogo com a sociedade sobre o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa 
MEIO AMBIENTE

O PRVN será lançado oficialmente pelo Governo do Pará na COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos

Com o objetivo de ampliar o diálogo com Povos Indígenas, Quilombolas e Comunidades Tradicionais (PIQCTs) do Pará com a sociedade, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) concluiu nesta sexta-feira (27) uma série de eventos, cujo tema principal foi o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa do Pará (PRVN).

Estratégia em consonância com a meta do governo do Estado de recuperar 5,65 milhões de hectares de áreas até 2030, prevista no Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), o PRVN será lançado oficialmente pelo Governo do Pará na COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em dezembro deste ano.

Iniciativa pioneira no Brasil, o PRVN tem como um de seus diferenciais o processo de elaboração de forma participativa por órgãos e entidades públicas, setor privado, Terceiro Setor, instituições de pesquisa e organizações que representam comunidades indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais. Com essa diretriz, o Estado busca integrar diferentes estratégias para a recuperação em seu território, formulando e implementando instrumentos de governança e planejamento para dimensionar as ações.

Programação – Com o tema “Oportunidades e Desafios para a Restauração no Estado”, foram realizados três webinários, em parceria com a “Aliança pela Restauração da Amazônia”, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), além de um seminário presencial, no bairro do Guamá, em Belém.

Os eventos promoveram um amplo diálogo sobre a recuperação ambiental no Pará. Foto: Daniel Lima – ASCOM SEMAS

“É muito bom ver o governo federal e os governos estaduais num diálogo, num fluxo tão bom, e só quem ganha com isso é o País. Na área climática e ambiental, a cooperação é a condição para que aconteça alguma transformação. A gente entende que, falando da recuperação da vegetação, o Brasil está trazendo essas metas, esses macro-objetivos, essas diretrizes, colocando esta agenda na mesa e criando mecanismos financeiros e oportunidades de financiamento que só um país consegue trazer. Por outro lado, você tem o papel do estado em complemento, identificando gargalos locais, dores do território, dialogando com comunidades, com os atores que fazem a restauração, com aqueles que detêm os territórios, sejam eles propriedades privadas, extrativistas, indígenas, quilombolas e áreas públicas. Porque a restauração acontece no território e sempre envolve pessoas. E os estados têm esta função de conectar, na sua realidade local, territórios e pessoas”, afirma o secretário adjunto de Gestão de Recursos Hídricos e Clima da Semas, Raul Protázio Romão.

Segundo o secretário adjunto, a união de esforços entre estados e governo federal é a única forma de viabilizar uma política pública desta envergadura. “A gente consegue atingir a implementação com este modelo, no qual o governo federal bota a agenda na mesa, traz as bases legais, traz os fluxos financeiros de alto volume, sobretudo público, além de arranjos privados, e os estados vêm conectando territórios e pessoas. Eu acho que se tem uma grande chance de sucesso com este tipo de conexão, este bate bola que a gente está conseguindo fazer”, acrescenta Raul Protázio.

Economia – Ainda segundo o gestor, a restauração florestal, além de ser uma ação ambiental, é uma oportunidade de desenvolvimento econômico. “A restauração é uma oportunidade econômica e financeira, além do impacto ecológico. E precisaremos manter um diálogo forte com o setor privado, porque sem o setor privado a gente não consegue a implementação, além de um diálogo muito forte com a Academia, para que não se faça uma coisa de forma desordenada, e para que se tenha eficiência”, reitera.

O secretário adjunto diz ainda que “o desafio nesta fase de organizar a implementação, a partir do dia seguinte ao lançamento, é que a gente consiga alinhar essas estratégias nacionais com as oportunidades identificadas no processo de construção. Que a gente divida muito claramente os papéis, para que a gente parta para a implementação. Que essa seja a tônica de 2024”.

Com o objetivo de integrar, articular e promover ações para a recuperação das florestas e demais tipos de vegetação nativa do Pará, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa, o PRVN vem sendo constituído por mais de 40 instituições públicas e privadas, em um processo marcado pela participação da sociedade.

Diagnóstico – A primeira fase de construção do plano consistiu na elaboração de um diagnóstico socioambiental sobre o tema, etapa concluída em junho deste ano. Na segunda fase foram realizadas quatro oficinas regionais, nos municípios de Belém, Altamira, Santarém e Marabá, onde a população teve oportunidade de discutir desafios e oportunidades de cada região para incorporação ao plano.

A terceira e última fase contempla a abertura do projeto para consulta pública, que está disponível no portal da Semas, e a realização dos seminários on-line e presencial.

Participação dos povos indígenas na construção do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa do Pará

Participação dos povos indígenas na construção do Plano de Recuperação da Vegetação Nativa do Pará. Foto: Daniel Lima – ASCOM SEMAS

Diálogo – Urubatan Sompré, membro da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), destacou a relevância do processo de diálogo com a população indígena e as oportunidades geradas a partir desse processo. “Pra nós, povos indígenas contemplados pela Fepipa, é de suma importância estarmos sendo ouvidos, participando das oficinas. Eu participei da oficina em Marabá (sudeste paraense), que explicou o que era esse plano, e nós colocamos a nossa voz enquanto povos indígenas, pela questão da área ambiental, de preservação, e por contemplar também 25% das terras indígenas do Estado do Pará. Dentro da nossa visão, nós colocamos que as terras indígenas possuem um banco de sementes e preservação das florestas do Pará, e as áreas que estão preservadas poderiam estar atuando com a produção de mudas, propondo que o governo do Estado usasse a mão de obra indígena para a produção de mudas para recuperar áreas degradadas do Estado”, destacou.

Helena Ferreira, membro da Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultoras e Agricultores Familiares do Pará (Fetagri), falou das expectativas dos trabalhadores com a implementação do plano. “Eu, como filha de agricultores, espero que as ações que estão sendo construídas nesse plano melhorem a produção em si, e que também considere que a produção dos pequenos agricultores também não sejam somente para subsidiar, mas para geração de renda, sem esquecer da assistência técnica, porque isso só vai melhorar a vida do trabalhador. É importante dizer também que esse plano vai ajudar a reduzir o desmatamento através da orientação aos produtores, para que façam a conservação dos igarapés e deixem uma parte dos seus terrenos para que a floresta fique em pé. Só o fato de mostrar para os agricultores que eles precisam também preservar já conta muito”, afirma a produtora.

Sob a liderança da Semas, a elaboração do PRVN conta com a parceria com Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), World Resources Institute Brasil (WRI Brasil), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Conservação Internacional (CI-Brasil) e Aliança pela Restauração na Amazônia, além de outras entidades que compõem o Grupo de Trabalho responsável por sua construção.

Além do lançamento na COP 28, o PRVN também será apresentado oficialmente na reunião do Comitê Gestor do Sistema Estadual sobre Mudanças Climáticas (Coges Clima) e no Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climática (FPMAC), ambos no final de 2023.

O PRVN continua disponível para consulta pública até o dia 31 de outubro. O conteúdo está disponível no site da Semas ou pelo link https://www.semas.pa.gov.br/wp-content/uploads/2023/10/PRVN-PA_versa83o_consulta_publica.pdf

Dúvidas e sugestões devem ser encaminhadas ao e-mail consultaprvn@gmail.com até o fim do prazo.

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