05/09/2022 15h45 | Atualizado em 05/10/2022 15h45 Por ASCOM
Gestos simples no dia a dia nas residências podem fazer uma grande diferença para a preservação ambiental. Na cozinha, por exemplo, os restos de frutas e legumes e óleo de fritura podem ser transformados e gerar oportunidade de renda, em vez de serem despejados para coleta de lixo comum.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) desenvolve iniciativas de educação ambiental que incentivam a prática, além de formação de agentes ambientais e da elaboração de materiais técnico-pedagógicos, entre outras iniciativas.
“Existe uma série de ações com resultados, bem recebidas pelas comunidades e municípios. A transformação do óleo usado em sabão, por exemplo, evita que o resíduo vá para o sistema público de saneamento ou descartado na natureza, como também cria uma economia de renda familiar porque elas passam a consumir o produto, evitando comprar, e conseguem também vender”, explica Rodolpho Zahluth Bastos, secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas.
É o caso de Deucivalda Santos, que no momento não está trabalhando formalmente, mas participa das ações do complexo comunitário do bairro da Cabanagem. “Aprendi a utilizar o óleo de cozinha usado, que seria jogado no esgoto e prejudicaria muito o meio ambiente. Aprendi a transformação dele em sabão, que vendo e uso em casa. Depois dessa capacitação eu nunca mais fiz o que fazia antes, que era jogar o óleo na pia, na vala, no quintal. Faço não só o sabão em barra, mas também pasta limpa alumínio, sabão líquido, desinfetante, limpeza pesada”, conta a moradora do bairro do Coqueiro.
Além de produzir, Deucivalda consegue coletar cerca de 20 litros de resíduo ao mês, com a ajuda de restaurantes, amigos, vizinhos e vendedores de batata frita. “Minha família vai anunciando e as pessoas começam a me procurar, até pessoas de outros bairros vêm comprar na minha casa. Não fico sem sabão porque sempre tem alguém procurando. Minha família, meus vizinhos compram. Dá para tirar um dinheiro”, acrescenta.
Com a pandemia, a engenheira civil Solange Reis enfrentou dificuldades para manter o trabalho formal, pois as principais atividades eram no interior. No ano passado, ela fez a qualificação sobre reaproveitamento de resíduos no complexo do Icuí e também trabalha com a produção de sabão.
“Acho muito importante esses cursos que a Semas vêm promovendo através da Usina da Paz. Cada objeto, temos que pensar onde será esse descarte, porque não pode ser de qualquer jeito. Esse curso nos fez analisar cada item que vai para o lixo. Hoje sou uma referência para a minha família e meus amigos sobre o assunto. O curso é muito importante não só para gerar uma renda extra, mas principalmente para formar e informar as pessoas sobre a mudança da mentalidade de que tudo pode ser colocado na porta de casa para os coletores levarem”, avalia Solange.
De acordo com a coordenadora de Educação Ambiental da Semas, Andreia Monteiro, as ações de fortalecimento de práticas sustentáveis nas comunidades já qualificaram 1.365 pessoas, desde o ano de 2019.
Nos municípios são realizadas formações com servidores municipais que passam a ser multiplicadores de boas práticas, nas respectivas cidades. Entre 2019 e 2022, foram atendidas 872 pessoas.
“Nos municípios temos oficinas de compostagem e de reaproveitamento de óleo de cozinha. As pessoas tinham dúvidas sobre o descarte correto e hoje contribuem para o recolhimento para produção e venda de sabão. Já as que fazem compostagem estão vendendo seus adubos e biofertilizantes, produzem para as suas hortas”, explica Andreia.
A coleta seletiva também é importante e garantida por meio da parceria com organizações não-governamentais, como o Instituto Alachaster, que possibilita a coleta no ecoponto do parque Porto Futuro.
“Todo mês temos a feira de agricultura familiar na Semas e a comunidade traz seus resíduos também. Nas escolas trabalhamos o ‘Semeando a Educação Ambiental’ para alunos de séries iniciais, e o outro (projeto) é o ‘Conhecendo os Territórios Ecológicos’, para os alunos do ensino médio. Temos desenvolvido palestras sobre mudanças climáticas, o ecossistema de modo geral, importante para as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)”, detalha a gestora Andreia Monteiro.