25/03/2022 09h35 | Atualizado em 25/03/2022 09h37 Por ASCOM
“A plataforma é muito intuitiva e amigável. Esta é a primeira apresentação para uma Secretaria de Estado. Se os estados e municípios receberem com antecedência informações sobre eventos climáticos, poderão planejar de forma mais eficiente suas políticas públicas. A plataforma avalia o percentual de influência dos indicadores climáticos. Se tem um risco, uma ameaça, eu posso depurar essas informações e posso agir”, afirmou o pesquisador.
A ferramenta visa consolidar, integrar e disseminar informações sobre os impactos das mudanças climáticas no território nacional. A tecnologia indica as tendências dos impactos das alterações e oscilações do clima em diversos setores da economia, na sociedade e no ambiente, podendo auxiliar na proposição, formulação e avaliação de ações de adaptação.
O desenvolvimento da ferramenta começou em janeiro de 2018 com a parceria entre o Inpe, a Rede Nacional de Pesquisa e Ensino (RNP) e a Secretaria de Pesquisa e Formação Científica (Sepef), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações. Também denominada “Sistema de Informações e Análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas”, a plataforma reúne dados, mapas e projeções para ajudar na adoção de medidas e evitar apagões ou a redução no abastecimento de água.
Dados fundamentais – Para Andréa Coelho, assessora técnica da Semas, a plataforma poderá ser muito útil para a implementação das políticas ambientais do Estado, quando começar a ser utilizada no Pará. “É uma plataforma recente, mas nós acreditamos que os dados contidos nela serão fundamentais para as políticas públicas do Pará, para os trabalhos da Secretaria, principalmente porque nós temos, inclusive, uma diretoria específica de Bioeconomia, Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais. Então, a plataforma traz informações que vão ser muito importantes para a construção e implementação das políticas públicas nesta área. Isso será um ganho, porque não será preciso produzir dados. Muitos desses dados que a gente precisa já estão disponíveis pra gente, e com um nível de confiabilidade muito alto, considerando que é um produto do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, que tem instituições com um know-how muito grande, com pesquisadores muito robustos, como é o caso dos pesquisadores do Inpe”, ressaltou a assessora da Semas.
O AdaptaBrasil conta com diversos provedores de dados, entre os quais a própria RNP, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os Ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A plataforma provê 85 indicadores associados a três áreas estratégicas, que são tratadas sob o conceito de segurança: hídrica, alimentar e energética. Já o risco de impacto é traçado por três elementos: vulnerabilidade, ameaça climática e exposição.
O desenvolvimento da plataforma envolveu representantes dos governos federal e estadual, além de universidades, institutos de pesquisa e organizações não governamentais. O MCTI fomentou e coordenou a iniciativa, enquanto o INPE foi responsável pelo desenvolvimento da metodologia científica para construção de indicadores destinados à observação dos impactos da mudança do clima, e a RNP implementou essa metodologia em um sistema computacional intuitivo, eficiente e seguro.
Abrangência – A primeira versão da plataforma AdaptaBrasil MCTI foi lançada em outubro de 2020, limitada ao semiárido. Um ano depois, passa a abranger o território nacional. A solução está em constante evolução, com implementação de novas funcionalidades e informações. “A plataforma já está funcionando para todo o Brasil, e o desafio agora será utilizar as informações disponibilizadas por ela, que são informações de altíssimo nível, feitas por equipes de cientistas de conhecimento interdisciplinar e multidisciplinar, e fazer com que isto seja incorporado à política pública, divulgada, comunicada para os tomadores de decisões, para que possam utilizar efetivamente esses dados para enfrentar um problema que já é realidade, que é a questão das mudanças climáticas. A gente não discute mais se vai haver mudança climática. Ela já está ocorrendo. O que a gente precisa discutir e estar muito bem preparado é como vai lidar com ela, considerando que na Amazônia a vulnerabilidade dos municípios é muito grande”, afirmou Andréa Coelho.
Para Peter Mann de Toledo, além do desenvolvimento tecnológico, é fundamental a qualificação pessoal. “A gente não pode abrir mão, de forma alguma, de investir nas pessoas. Nós, como técnicos e cidadãos, precisamos fazer com que essas informações estejam disponíveis para a sociedade, e que os tomadores de decisão possam incorporá-las em políticas de estado. Como os fenômenos são muito complexos e o volume de dados é enorme, precisamos estar cada vez mais preparados”, enfatizou.