Combinação de calor com alta umidade é a causa de tempestade com alto número de raios

11/01/2022 17h31 | Atualizado em 12/01/2022 09h31 Por ASCOM

Combinação de calor com alta umidade é a causa de tempestade com alto número de raios

Uma combinação de fatores climatológicos foi responsável pela tempestade com alta incidência de raios que foi registrada na Região Metropolitana de Belém na segunda-feira (10). Segundo dados do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre a meia-noite de domingo, 9, até as 23h59m59s da segunda-feira, foram registrados 1.291 raios na Região Metropolitana de Belém, sendo que 912 foram do tipo NS (Nuvem-Solo). O chamado “inverno amazônico”, o período de chuvas na região Norte, dá início à temporada de raios que geralmente vai até maio. A média anual de incidência de raios no Brasil é de 144 milhões. De acordo com o Elat/Inpe, a concentração de raios em Belém é de 15,2 por km²/ano, o que deixa a capital paraense em 301º lugar no ranking da densidade nacional e na 51ª posição estadual.

A alta incidência de raios no estado neste período chuvoso é causada pela associação entre umidade elevada e dias ensolarados, explica o coordenador do Núcleo de Hidrometeorologia da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA), Saulo Carvalho. “Nos primeiros dez dias do mês de janeiro estava ocorrendo muito fluxo de  umidade, muitas chuvas de forma contínua, mas até então com poucos raios. O que aconteceu ontem (segunda-feira, 10) é que praticamente o dia todo foi ensolarado, com muito calor. E este calor fez com que aumentasse a instabilidade atmosférica, que favoreceu a formação de muitas nuvens cumulonimbus, que são aquelas nuvens de trovoada. Aliado a isso, a esse calor na região metropolitana, um grande volume de nuvens estava no litoral paraense e veio se propagando continente adentro, chegando na região. Esse calor gerado ao longo do dia e da tarde provocou uma situação bem favorável para formação dessa tempestade, com bastante raios que foram registrados”, afirma o coordenador.

Quando o sol aparece, mas chove em seguida, é esperada uma ocorrência de raios. “O período em que se inicia o período chuvoso em Belém e na Região Metropolitana, na faixa norte do estado como um todo, naturalmente já traz um acúmulo de umidade atmosférica aqui na região como um todo. Quando tem uma situação específica, quando o sol consegue aparecer, esses eventos extremos acontecem, então ocorrem chuvas frequentes, sem muitas características de vendaval, rajadas de vento. Mas como esse calor foi predominante e veio esse afluxo de umidade, ocorreu todo esse evento ontem”, afirma Saulo Carvalho. “Sempre que a gente perceber que o sol vai aparecer, pelo menos o sol entre nuvens e esse sol provocar o calor pela manhã e pela tarde, combinado com esse afluxo de umidade aqui na região, é provável que ocorram eventos como esses ao longo do período chuvoso aqui na região, além da região compreendida desde o nordeste do Pará até o Baixo Amazonas”, completa o coordenador.

Raios – Com cerca de 78 milhões de raios por ano, o Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo. A cada 50 mortes causadas por raios no mundo, uma acontece no Brasil, que registra 130 óbitos por ano, no Brasil, segundo o Inpe. De acordo com dados coletados pelo Elat entre os anos de 2000 a 2019, o Pará ficou em terceiro lugar entre os Estados com maior número de mortes causadas por raios, com 162 fatalidades, atrás de Minas Gerais, com 175, e São Paulo, com 327 óbitos. Este levantamento reuniu informações coletadas neste período pelo Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, veículos da imprensa e dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados revelam um total de 2.194 fatalidades registradas; uma média de 110 casos por ano no período. Dentre as principais circunstâncias de fatalidades, os maiores percentuais são aqueles associados a atividades de agronegócio (26%).

Quando há formação de nuvens no horizonte, a recomendação dos especialistas é a de evitar lugares abertos e se abrigar em prédios, pontos de ônibus ou dentro de carros, por exemplo. Dentro de casa, é preciso se afastar de portas e janelas com grade de metal, que são condutores de eletricidade, e também é importante não usar celular ligado na tomada, se mantendo longe de objetos ligados às redes elétrica e telefônica. No trânsito, deve-se permanecer dentro do automóvel. Em casos de espaços abertos (praias, pastos, plantações, campos de futebol, a dica é procurar abrigo sempre que o tempo fica encoberto e não somente quando chove.

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