Crime ambiental causa graves prejuízos à natureza
Mônica Moreira, diretora da Difisc, alerta que a criação ilegal de animais silvestres é crime ambiental. FOTO: ASCOM/SEMAS
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) recebeu três entregas voluntárias de animais silvestres nesta sexta-feira (23) no Parque Estadual do Utinga (PEUT). Foram dois pássaros e uma mucura (Didelphidae imperfecta), que foram encaminhados para o hospital veterinário da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Os pássaros eram das espécies bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e ring neck (Psittacula krameri), também conhecido como periquito-de-colar, espécie exótica na Amazônia.
FOTO: ASCOM/SEMAS
A arquiteta Suely Monteiro teve a sua casa invadida pela mucura e procurou a secretaria para fazer a entrega do animal que se encontrava ferido. “Ela entrou na sala da minha casa ontem à noite, o que é uma coisa incomum. Eu tenho muitas árvores frutíferas que atraem muitas mucuras, mas essa apareceu machucada. Eu fui na polícia ambiental e lá eles falaram que eu deveria vir aqui na Semas”, relatou.
A frequência de animais recebida pela secretaria chama atenção para a cultura de criação de animais silvestres não legalizados para entretenimento pessoal ou para comércio. A Semas busca conscientizar a população da gravidade deste tipo desta prática, que configura crime previsto em lei ambiental. “O nosso papel enquanto órgão ambiental estadual é conscientizar a população de que a criação de animal silvestre não legalizado prejudica o bem-estar do animal. E pode impossibilitar sua volta à natureza”, afirma Mônica Moreira, diretora de fiscalização.
FOTO: ASCOM/SEMAS
Em 2020, foram 390 animais recebidos pela secretaria. Como órgão mediador no encaminhamento de animais silvestres resgatados de situações de cativeiro ou entregues mediante a denúncias, a secretaria mantém contato com instituições parceiras.
Serviço – As denúncias de criação de animal silvestre em cativeiro, de maus tratos de animais ou de outros crimes ambientais como caça e pesca ilegal são encaminhadas para a Divisão Especializada em Meio Ambiente e Proteção Animal (Demapa), pelo telefone 181. Por sua vez, pedidos de resgate de animais devem ser feitos através de denúncias ao Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), pelo telefone 190.
“Quando a situação envolve situação criminal, nós temos o apoio da Demapa. Quando se trata de uma denúncia de criação ilegal, o BPA faz o resgate. A Semas o entrega para cuidados médicos em instituições parceiras. Eles passam por exames e tratamento. Quando recebem alta, a gente os destina para mantenedores, como o Bosque Rodrigues Alves, o Mangal das Garças, o Museu Emílio Goeldi, entre outros”, informa Mônica Moreira.
Onça-pintada – Em caso de animais que fazem parte lista do Ministério do Meio Ambiente (MMA) de ameaçados de extinção, a Semas entra em contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela destinação definitiva de animais ameaçados de extinção. Este foi o caso da onça-pintada macho juvenil resgatada no sábado passado (17) de uma fazenda em Ipixuna do Pará (nordeste do estado) pelo BPA. O animal está atualmente em quarentena e passa por exames clínicos. Após este período, o ICMBio irá decidir o destino definitivo da onça, se está apta para soltura na natureza ou se será encaminhada para alguma instituição especializada.