Governo do Pará defende importância histórica do Fundo Amazônia em audiência no STF

26/10/2020 08h41 | Atualizado em 28/10/2020 09h01 Por ASCOM

Governo do Pará defende importância histórica do Fundo Amazônia em audiência no STF

Os motivos da suspensão, pelo governo federal, do Fundo Amazônia, foram discutidos em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (23). O Governo do Pará foi representado pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Mauro O’de Almeida. Presidida pela ministra Rosa Weber, a audiência foi virtual devido à pandemia de Covid-19. Hoje (26), o tema volta à pauta do Supremo.

A audiência contou com a participação de representantes de 28 órgãos do governo federal e dos Estados que integram a Amazônia Legal, institutos de pesquisa e especialistas. O STF colheu subsídios para o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 59, na qual partidos políticos apontam omissão inconstitucional da União quanto à suspensão do Fundo Amazônia.

Mauro O’de Almeida ressaltou a importância do Plano Estadual Amazônia Agora para o cumprimento de metas ambientais

Segundo a ministra Rosa Weber, “o que está em discussão é a defesa do meio ambiente, um dos temas de maior relevância do debate internacional da atualidade, e que traz temas subjacentes de primordial impacto público”.

Ao se pronunciar, o titular da Semas defendeu a continuação do Fundo Amazônia com as regras já previstas, até que nova regulamentação entre em vigor. “O Fundo Amazônia precisa voltar a funcionar. É muito importante no contexto dos estados, pois tem finalidade específica no combate ao desmatamento e na manutenção da floresta, do bioma amazônico. Ainda que reconheça o modo de funcionar de cada governo, gostaria que esta audiência terminasse com uma grande conciliação. É importante que o Fundo volte a funcionar e, se houver necessidade de novas regras, que seja nos moldes das regras antigas, até que as novas regras possam ser implementadas, contemplando a vontade dos governos estaduais para garantir a paz no campo, com regularização fundiária, o combate ao desmatamento com o uso sustentável de nossa floresta”, enfatizou Mauro O’de Almeida.

Fortalecimento – O titular da Semas destacou a importância histórica do Fundo Amazônia para o meio ambiente do Pará. “Com os recursos do Fundo Amazônia o Pará pôde implantar as unidades regionais da Semas, fortalecendo as ações municipais; pôde garantir uma melhor estrutura ao Corpo de Bombeiros para o combate mais efetivo aos incêndios florestais; implementou o Programa Municípios Verdes; pôde implementar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (Cimam), que é reconhecido nacional e internacionalmente como um bom centro de monitoramento de desmatamento. Por isso, podemos afirmar que o Fundo Amazônia foi fundamental para o fortalecimento do Sistema de Meio Ambiente do Estado. É preciso que a gente acerte um novo funcionamento do Fundo, para que não se deixe parada uma estrutura de 12 anos de funcionamento”, reiterou o representante do Governo do Pará.

Mauro O’de Almeida também ressaltou a importância do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) para o cumprimento de metas ambientais, com a redução da degradação ambiental no Pará desde o início de sua implementação. “Durante a Conferência de Madri (Espanha), no ano passado, apresentamos o Plano Estadual Amazônia Agora, que visa ao desenvolvimento regional, principalmente com estímulo da produtividade aliado às boas práticas ambientais, para o alcance das metas previstas nos acordos internacionais. Com o Plano, o Estado avançou na produção ambiental com o fomento do uso e do aproveitamento de recursos naturais e de recuperação de áreas degradadas, com participação de povos tradicionais e quilombolas”, afirmou o secretário.

Ação do Governo do Pará contra o desmatamento em Novo Progresso, no sudoeste do Estado

Redução do desmatamento – Entre os avanços na área ambiental a partir da implantação do PEAA, Mauro O’de Almeida disse que “o Plano Estadual Amazônia Agora garante o aumento da eficiência no uso da terra, a captação de recursos de investidores para o fomento de atividades ecoeficientes, o incentivo à regularização fundiária e ambiental, além do enfrentamento do desmatamento e incêndios florestais no Pará. Desta forma, o Estado pôde promover ações de regularização fundiária, de fiscalização e combate ao desmatamento ilegal, além da aquisição de equipamentos, o que garantiu a redução em 14% do desmatamento em julho e de 30% em agosto, em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que, nas áreas estaduais, chegamos a reduzir em 60% em relação a agosto e setembro de 2019. Por isso, podemos afirmar que há efetivos resultados de indicadores que assegurem o cumprimento de metas ambientais”.

Após a explanação do titular da Semas, a ministra Rosa Webber afirmou que “este testemunho é esclarecedor e educativo a respeito da importância do Fundo Amazônia e destes recursos canalizados para a gestão ambiental e defesa do meio ambiente. São projetos que se prolongam no tempo, mas que, em última análise, se revertem em efetivo benefício da população”.

Na ADO 59, os partidos denunciam a não implementação das obrigações de proteção da Amazônia Legal, assim como a não destinação de recursos para o cumprimento das políticas públicas necessárias à tutela adequada e efetiva do bioma. De acordo com manifestação da Advocacia-Geral da União (AGU), os órgãos federais competentes teriam adotado medidas de natureza administrativa necessárias para a preservação da área florestal.

Ações e impacto – Durante a audiência virtual, as secretarias estaduais de Meio Ambiente dos Estados da Amazônia Legal apresentaram as medidas adotadas e cumpridas, até hoje, em relação à prevenção, recomposição e auditoria ambiental, e também fizeram uma avaliação do impacto ambiental dos projetos adotados, vinculados ao Fundo Amazônia, e as ações tomadas em relação aos órgãos e agências ambientais em matéria de fiscalização ambiental.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) apresentaram dados sobre a situação do desmatamento da Amazônia Legal e os resultados alcançados nas quatro fases do Plano para o Controle do Desmatamento Legal e Recuperação da Vegetação Nativa.

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) descreveram os relatórios e planos das operações de fiscalização e de proteção ambiental, projetados e realizados nos últimos dois anos, em comparação com os dados de anos anteriores. Os ministérios do Meio Ambiente e da Defesa apresentaram ações adotadas para o cumprimento dos deveres de proteção ao meio ambiente amazônico e informaram dados estatísticos produzidos sobre a questão em debate.

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